segunda-feira, 29 de abril de 2013

Post 61 - Quanto custa essa "economia"?

A terceira eliminação consecutiva nas semi-finais do Campeonato Pernambucano sacramentam um jejum de nove anos sem títulos. Esta marca é o melhor exemplo do estado letárgico em que, há muito, o Clube Náutico Capibaribe entrou. A dita letargia é um produto de gestões fracassadas que vem sendo conduzidas pelo mesmo grupo de cardeais que, ano após ano, vem revesando-se nas pastas mais importantes do clube.

O que mais incomoda, em toda esta situação, é ver os mesmos erros sendo repetidos, ano após ano, insucesso após insucesso. A principal desculpa para este cenário, usada em abundância pelos dirigentes alvirrubros é a falta de dinheiro, e a economia que tem de ser feita para o estadual. Contudo, cada vez mais eu acho inapropriado o uso de tal pretexto econômico, uma vez que as mesmas pessoas que prestam declarações classificando o Náutico como um "clube pobre" são as mesmas que não demonstram nenhum zelo pela saúde financeira do clube, trazendo, sem critério, jogadores aos montes, passando 16 meses sem um patrocinador master, pagando 50 mil reais mensais a um atacante de nenhuma qualidade (Henrique, em 2012) e atrasando os balanços financeiros do clube, ferindo a Lei Pelé. Me incomoda ver nossos diretores falando em economia, quando sei que o Náutico tem potencial para produzir mais recursos e conseguir conciliar títulos com boas campanhas nacionais.

Com esses contra-argumentos, não quero dizer que os diretores devam torrar todo o dinheiro no Campeonato Pernambucano e esquecer do importante segundo semestre (como foi feito na gestão de Berillo Júnior, onde tivemos salários atrasados em 2010 que impediram o acesso do time de Alexandre Gallo e 2/3 do orçamento anual gastos nos 4 primeiros meses de 2011). Mas quero deixar bem claro que o Náutico tem sim condições de fazer um time mais forte e que vença tranquilamente o estadual.

Primeiramente, as saídas de Araújo para o Atlético Mineiro e de Kieza para o futebol chinês representaram uma economia de 210 mil reais na folha salarial. Por que nenhum nome à altura foi trazido para substituir, com eficiência, ao menos um deles?



Além disso, vale salientar os recursos que o Náutico vem deixando de gerar por falta de competência. Uma das metas de Paulo Wanderley, ao assumir o Náutico, foi de aumentar o quadro social para 20.000 sócios adimplentes. Com um ano e meio de gestão, não temos nem 5.000.

Com tudo acima feito, tenho certeza que o Náutico teria condições de melhor qualificar o elenco montado para o Campeonato Pernambucano.

Digo tudo isto porque, deixando de investir, acredito que o Náutico deixe de ganhar dinheiro. Sim, acredito que essa "economia" não seja bem uma economia. Sem títulos, e por ter um deficiente trabalho de marketing, o Náutico não atrai sócios. E sem ambos, não atrai patrocinadores (passamos 16 meses sem um). Com isso, perdemos ainda mais na receita.

Vale ressaltar que, de janeiro de 2010 até maio de 2012, o Náutico deixou de faturar aproximadamente 2,25 milhões por passar 62% desse período sem a cota principal. Imaginem quanto mais foi deixado de ganhar em quase um ano.

Terceiro uniforme do Náutico para a temporada 2012. Foto: Yuri de Lira/Diario de Pernambuco

E, ainda mais importante: sem títulos, o Náutico deixa de ganhar torcedores. Uma reputada empresa portuguesa que oferece cursos voltados para os diversos segmentos da gestão esportiva lançou o seguinte dado: as crianças tendem a trocar de time até os 13 anos. O marketing do clube não trabalha esse público, e, na carência de títulos, é natural que o clube perca torcedores para os clubes mais vitoriosos. E, a longo prazo, mais dinheiro é perdido. Então, no fim, quanto vale essa economia? Alguém duvida que, com essas receitas, daria pra montar um time de muito mais qualidade e, lógico, mantê-lo até o fim da temporada? 

Não concordo com a desvalorização que vem sendo feita do pernambucano. Times como Goiás e Figueirense, que ficaram vários anos consecutivos na Série A, foram campeões estaduais em vários deles, sem fazer loucuras. E assim como o Náutico, eles configuram a classe mediana nacional do futebol. Vejam o comparativo abaixo:

Goiás - Temporadas consecutivas na Série A: 11 (de 2000 até 2010)
              Títulos estaduais neste período: 5 (2000, 2002, 2003, 2006 e 2009)

Figueirense - Temporadas consecutivas na Série A: 7 (de 2002 até 2008)
                        Títulos estaduais neste período: 5 (2002, 2003, 2004, 2006 e 2008)

Não vejo porque o Náutico tem que ser diferente. Esses times tiveram um planejamento sério, que lhes permitiu conciliar à conquista de títulos com boas campanhas nacionais. Se eles conseguiram, nós também podemos. E devemos. Porque, sinceramente, não vejo como o Náutico pode voltar a ser uma potência nacional sem, antes, recuperar à hegemonia estadual/regional.  

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